Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

30
Mai 20

A terra gira e volta a girar,

Corre, corre, sem parar,

A terra é ula lágrima,

Nos lábios do mar.

A terra gira e volta a girar,

Corre, corre, sem parar,

A terra é silencio,

Que não se cansa de trabalhar.

A terra gira e volta a girar,

Corre, corre, sem parar,

A terra é amor,

É desejo no ar,

A terra gira e volta a girar,

Corre, corre, sem parar,

A terra é a cidade,

A cidade do madrugar.

A terra gira e volta a girar,

Corre, corre, sem parar,

Ai terra meu amor,

Amor de amar.

A terra gira e volta a girar,

Corre, corre, sem parar,

A terra são palavras,

Palavras de falar,

A terra gira e volta a girar,

Corre, corre, sem parar,

A terra na madrugada,

A terra do Luar,

A terra gira e volta a girar,

Corre, corre, sem parar,

A terra é ula lágrima,

Nos lábios do mar.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 30-05-2020

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:25

26
Abr 19

Sou filho da noite.

Sempre adorei a noite, onde vivem as palavras e os amores proibidos,

Ou impossíveis,

Ou amores inanimados.

 

Quando criança, brincava com aviões em papel,

Papagaios em papel,

Barcos de esferovite,

Com motor.

 

Sempre me lembro desalinhado com os momentos passados,

Tristes, alguns,

Alegres, outros,

E adorava, adoro, o circo.

 

Hoje, temos cá o circo,

Sempre foi o meu sonho fugir com um circo,

Viver de noite,

Andar de terra em terra.

 

Apaixonado pelas árvores.

Pelos palhaços,

Trapezistas

E outros malabaristas.

 

Os últimos já existem na política,

Temos malabaristas a mais,

Todos formavam uma grande companhia de circo…

O circo da merda.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

26/04/2019

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:49

16
Jun 17

Uma nuvem sulfúrica poisa no teu silenciado sorriso,

Agacho-me sobre a terra prometida…

Mas não tenho jeito para a aprisionar na minha mão,

Minutos depois, palavras muitas, perco o juízo,

Pego na luz magoada que ficou em ti esquecida,

À porta de entrada do meu coração,

 

As aventuras na eira

Enquanto cai a noite sobre o espigueiro,

Livros perdidos dentro de um mealheiro…

Para serem vendidos na feira,

 

A casa é pobre, pequena… e aconchegante,

O quintal recheado de poemas envenenados pela charrua,

O meu corpo embebido em clorofórmio vomitando sinalização de rua…

Que o luar se torna brilhante,

 

E a lua,

É tua.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 16 de Junho de 2017

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:26

07
Jun 17

Rareiam por aqui as esquinas de luz do teu corpo,

Forço um beijo de sombra que habita no meu quarto,

Desenho nele a solidão de um final de tarde…

 

E sei que não voltarei mais.

 

(a mim?)

 

A ti, a mim e a esta terra que me acorrenta e mata,

A esta terra que me aprisiona desde criança

Como se eu fosse um Tiranossauro REX descendo a montanha do “Adeus”,

E lá longe a longínqua caneta enterrada no granito abraço,

(queres cerejas?)

Não. Não gosto de cerejas…

Olha! Olha, as laranjas do nosso quintal já são comestíveis,

Tão doces, tão doces como as tuas queridas mãos enfeitadas por flores, arbustos e lábios lacrimejantes, opiáceos livros de poesia poisados na nossa janela,

Quando a rua está deserta.

Não te entendo!

Não precisas de me entender…

 

Amanhã vais dizer que sou um vagabundo cambaleando pelos plátanos com leves folhas doiradas de tristeza,

A sátira perdida que apelidava o meu transeunte corpo de chocolate…

Com o calor…

Derrete. Morre.

 

E sei que não voltarei mais.

 

(a mim?)

 

Á vida. Não voltarei mais à escrita de estórias desalojadas numa quinta-feira à tarde, quando os miúdos regressam da escola e tu estás sentada na varanda a fazer pássaros de papel,

 

Tudo.

 

Ou nada.

 

O que importa é estar vivo…

 

Desde que nasce o Sol até ser noite.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 7 de Junho de 2017

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:36

05
Dez 16

Esta terra entranhada nas raízes do Diabo,

Sonolenta quando acorda o Inverno,

E uma lâmina de lágrimas brota do seu coração,

Saboreia as espadas da dor

No término da tarde onde inventa o silêncio do desejo,

Uma enxada poisa na sombra da terra lavrada,

E o vulto de cigarro em cigarro,

Como uma árvore deitada

Sobre a esplanada da paixão,

Dorme docemente…

Esta terra é íngreme como as montanhas do Adeus,

Sem sorriso,

E do cansaço brilham as estrelas da noite…

A casa gélida, triste,

Murmuram os candeeiros a petróleo nas cicatrizes da incerteza,

O absoluto orgânico melancólico cilíndrico…

Que o peso da lua deixa ficar sobre os envidraçados lábios,

Esta terra de beijos e moradas,

Esta terra queimada pelo incenso do amor

Que em todas as horas desperta como uma criança de luz…

Sinto o brilho dos teus olhos

Nas almofadas do desterro,

E as palavras que semeias…

Habitam este Inferno de viver.

 

 

Francisco Luís Fontinha

05/12/16

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:52

26
Jan 15

A1_035.jpg

 

(desenho de Francisco Luís Fontinha)

 

 

O desejo cansado do solstício envenenado

das palavras o ranger da porta sem habitantes

que a noite comeu

o desejado corpo nos pindéricos rochedos de papel

voando sobre a cidade dos machimbombos

o entardecer não regressa nunca

o viajante secreto enlatado num caixote em madeira

o homem sombreado dos alicerces de prata

afogado num pedaço de terra...

hoje

hoje não vi o mar

nem os barcos de esferovite construídos por crianças junto à ribeira...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 26 de Janeiro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:47

27
Dez 14

Nunca percebi porque choravam os pássaros da minha terra,

nunca entendi porque em determinados momentos...

se abraçavam as árvores da minha terra,

 

desenhava o sol na velha parede da casa que me recebeu,

havia frestas de engano e vidros partidos,

lá fora o frio parecia um rochedo intransponível,

tão alto como a montanha da saudade,

nunca percebi porque era tão fria a minha terra,

esta...

que amo,

mas é tão fria... meu amor...!

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 27 de Dezembro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:47

24
Ago 14

Sou o legítimo dono da noite,

sou o candeeiro onde se esconde o mendigo,

o rio que não corre para o mar,

sou a ponte frágil em madeira que antes de ser ponte...

um caixote,

o cofre das minhas recordações,

as imagens,

os sons e os cheiros de uma terra que não existe mais...

 

Sou a videira que morreu no socalco,

sou o socalco que tombou...,

sou o cansaço legítimo e dono da noite,

a prostituta que sobe e desce a montanha dos segredos,

sou o vento de papel sobre a luz ténue da aldeia,

o sino que não se cansa de me acordar...

sou as palavras com lábios de poema,

dos sons e dos cheiros de uma terra que não existe mais...

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 24 de Agosto de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:44

05
Jul 11

Sobre o arame dos dias

Caminho silenciosamente para a outra margem

Poiso-me como se fosse um pássaro

Quando nos lábios emagrece a aragem

 

Das horas dos dias e dos meses,

O vento balança-me e sinto-me embriagado

Pela pasmaceira de estar vivo…

E continuar firme como um calhau lançado

 

Rabina abaixo.

Que quereis vós de mim senhores da terra?

Que me ajoelhe e vos lamba as botas

E engula as rochas da serra?

 

E nem a fome vergará o meu esqueleto decrépito

Porque o meu corpo poderá vender-se, e porque não?,

Mas a minhas convicções e ideais

Jamais se venderão,

 

Vender o meu corpinho sim

Lamber botas é que não,

Irrita-me dá-me nojo

Alergia e comichão.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 16:07

22
Mai 11

Aos poucos canso-me da terra

Onde cresci

Aos poucos como o silêncio de um relógio

Canso-me da terra onde vivi

 

Aos poucos eu engasgado nos socalcos

Desço vinhedos subo o xisto da madrugada

E olho o rio que me vai salvar…

Na sombra desgovernada

 

Aos poucos o meu corpo em pedacinhos de algodão

Aos poucos na minha mão uma flor cansada…

Aos poucos os meus lábios em movimento

Quando aos poucos em mim se dilui a alvorada.

 

 

Luís Fontinha

22 de Maio de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:08

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