Somos poucos,
O lívido segredo da alma fica suspensa nas umbreiras da madrugada,
Silêncios muitos,
Neste exíguo espaço nocturno,
Não penso na vossa ausência, flores do meu jardim,
Em cada pedra um nome teu, em cada pedra um beijo,
Somos poucos,
Ou nenhuns…
Este exército de vespas prontas a atacar o pôr-do-sol…
Até à batalha final,
A vitória, somos poucos, ou nenhuns…
Silêncios muitos,
Quando rompe a solidão no longínquo Domingo de ninguém,
Amanhã será a derradeira despedida da cidade dos pilares de areia,
Os barcos amarrados aos teus pulsos sonegados pela escuridão,
Não me serve este destino…
Escrever não escrevendo as palavras de ninguém…
Que o coitado do menino,
Sempre oprimido pela tempestade…
Deixa ficar na terra queimada pela charrua,
Somos poucos,
Ou nenhuns…
Mas somos um exército de mendigos.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 17 de Junho de 2017