Deixo todos os bens materiais
A ninguém,
Não tenho nada para deixar,
Deixo as minhas mãos ao vento
E o meu olhar
A ninguém,
Não tenho nada para deixar,
Nem raízes no pensamento.
Deixo o meu coração
À noite sem luar,
E o meu corpo, as cinzas, vão para o mar…
Bem longe da costa, em plena escuridão.
Os meus livros, antes de eu morrer,
Serão todos queimados, cinzas como o meu corpo cremado,
E a ti, vou deixar-te o silêncio do amanhecer…
A merda dos pardais
No meu jardim plantado.
Luís Fontinha
Alijó