foto de: A&M ART and Photos
Sem o vento ardem as minhas asas,
evaporam-se todos os meus sonhos de neblina adormecida,
hoje, hoje pareço um transatlântico enferrujado, velho e cansado,
sem coração, eu, eu a pedra do muro em desgosto,
subo as escadas do silêncio... e, e sei que não lhes pertenço,
ausento-me, escondo-me, invento vidas anónimas com sabor a naftalina,
sem o vento,
ardem...
ardem as minhas mãos coloridas,
e de dentro de ti vêm a mim as palavras mortas, as palavras não minhas,
ardem e sinto,
sinto que deixei de caminhar nos teus olhos envergonhados...
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 23 de Março de 2014