As minhas mãos, um líquido esquisito,
Que do rio, aos poucos, acordam,
As minhas mãos, enxovalhadas de sangue,
A saliva do marinheiro,
O cansaço de deus.
As minhas mãos, o cérebro do nada,
Plumas nos meus ombros nas noites de loucura,
Ele, eu, nós adormecidos num só corpo
Filhos do rio
Enteados do silêncio,
Amantes do mesmo corpo desvairado,
Louco, cheiramos a sexo,
Nos nossos corpos o líquido das minhas mãos,
O plasma que dentro das veias se enfurece
Com o pôr-do-sol…
A janela que depois de aberta… se cansa
E os nossos corpos seminus deitados no cansaço
Coberto pelo líquido das minhas mãos,
As minhas mãos, um líquido esquisito,
Que do rio, aos poucos, acordam,
Que no rio, aos poucos, se afundam…
FLRF
3 de Abril de 2011
Alijó