Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

06
Set 15

E se o mar me levasse para o seu imaginário mais secreto…!

O dia transforma-se em noite,

O vento veste-se de chuva,

Fina, miudinha…

Frágil o olhar da serpente envenenada pela paixão,

O luar morre nas mãos de uma andorinha,

Dá-lhe beijos na face mais longínqua do Universo,

Cansa-se e deita-se sobre o meu corpo em travestido xisto,

Não sei se quero,

Ou se existo nos teus lábios de madrugada lapidada,

E se o mar me levasse…

E se o mar me levasse na tua jangada…!

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 6 de Setembro de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 19:05

12
Mai 15

Podíamos navegar na tempestade do sonho

Quando todas as nuvens dormiam

Quando todas as palavras

Em uníssono

Sussurravam nas pálpebras laminadas do medo

Eu… eu amo-te

Amar uma pedra

Com sentimentos

E da dor

As ingrimes escadas do cansaço

Não pertenço a este Rio

Não és o espelho do meu sorriso

Narciso escrito

Nas frestas do xisto amargurado

As gaivotas

Regressam

E em uníssono…

Eu amo-te

Pensavas tu

Pensava eu

Não sei

Quem sou

Quem és

Ontem

Ontem

Enquanto borbulhavam as sílabas do prazer

O livro que se lê

E vê

O corpo nu sobre o poema

E dou-me conta que faltam as personagens

O cenário

E o texto

E tu…

 

Eu.. eu amo-te

 

A Astronomia

A Física

E o teu corpo

Nu

Pensava eu

À janela

Podíamos desenhar no Tejo

Todas as crianças do Universo

E não

Nem crianças

Nem palavras

Na despedida.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 12 de Maio de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:04

07
Mai 15

Não vêem o meu corpo crucificado

Na sombra invisível do sofrimento

Não caminho

Meu

Querido

Meu

Entre as palavras

E todo o silêncio do Universo

Permaneço

Encerrado

Neste

Exíguo espaço

Em verso

Como um mendigo

Feio e imundo

Perverso

Este mundo…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 7 de Maio de 2015

publicado por Francisco Luís Fontinha às 23:24

03
Abr 12

Gerberas crescem dentro da cabeça do inferno, (e se a vida chegou à terra através de um cometa Pergunto-me E deus? Veio juntamente com o cometa ou algures no infinito a assistir ao nascimento…)

- Como se vê se as flores são frescas? E ao que parece… pela guelra, a vinte e cinco mil quilómetros por hora, a terra bombardeada por cometas e asteroides, e deus, e deus a assistir ao complexo infinito de luzes e cores,

E se deus tivesse proibido os cometas de bombardearem a terra? E se deus se embrulhasse em gerberas e adormecesse eternamente até se cansar,

Gerberas crescem dentro da cabeça do inferno

- E segundo os especialistas da NASA a vida na terra começou após o último grande bombardeamento por cometas e asteroides, há cerca de três mil e oitocentos milhões de anos,

E deus, e deus sentado à esquerda do filho, a olhar as gerberas dentro da cabeça do inferno,

- Como se vê se as flores são frescas?

Abre-se a janela do inferno e as gerberas erguem-se até ao céu, poisam nos lábios das estrelas e adormecem no estômago da insónia, faz-se noite em ti e do teu corpo as sílabas de silêncio abraçadas ao pindérico cortinado da madrugada, e ainda não tinha nascido o mar, e os barcos voavam de montanha em montanha, de penhasco em penhasco, de seio em seio,

- As gerberas

Sem coração e sem paixão e sem amor,

- As gerberas dentro da cabeça do inferno até que o dia finja ser noite em ti, hoje de seio em seio o pindérico cortinado da madrugada balança nas suaves mãos de silício do teu corpo, o mel arrefece o sabor da tua boca quando as algas vindas do universo comem o teu desejo entre três triângulos equiláteros, Pitágoras escreve no extenso lençol de seda e o outro segredava que um ângulo reto ferve a noventa graus,

(o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos)

Que têm as gerberas? Dentro da cabeça do inferno todas as palavras, dentro da cabeça do inferno todos os desejos e todos os pindéricos cortinados da madrugada,

- As gerberas em pedacinhos de nuvem antes de alguém encerrar a janela e o mar acaba de nascer, e os barcos deixam de voar e começam em mergulhos silenciosos a galgar as águas do teu oceano púbis,

Acorda o dia, nascem os homens e as palavras

- Inventam o fogo e todos os livros de Gogol ardem na fogueira (maldita inquisição), e as palavras derretem-se no cacimbo da manhã,

E as palavras incomodam muita gente.

 

(texto de ficção não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:26

21
Jun 11

Uma estrela.

Na garganta de um buraco negro, de escuro nada tem o buraco, a 3.800 anos-luz do ponto azul que somos, papou-a, saboreou-a, mastigou-a silenciosamente no frio escuro do Universo, e o professor Renato Las Casas,

- Buraco negro é uma “coisa” que de negro tem tudo, mas de buraco não tem nada,

Uma “coisa”.

E o que será esta “coisa”?, e se esta “coisa” papar literalmente o sol?, estamos fodidos, a luz extingue-se junto ao guarda-fato, ele deitado sobre a cama e no estuque penduradas estrelas, biliões de estrelas, biliões de planetas, biliões de dor de costas, espondilose e bicos de papagaio, poisa as mãos sobre o peito, e o sol a 149.597.871 quilómetros dos seus olhos, poisa as mãos sobre o peito e começa a contar estrelas, uma duas três, na décima ressona, dorme engajado, ele engajado, e o Padre,

- Voluntário nem para a tropa,

Sentido. O corpo balança com o vento. Direitaaa voolltaarrr. E cornos no pavimento.

Estatelou-se contra a “coisa”, entra pela “coisa” dentro, jornais, revistas, livros diversos, a “coisa” escura, a “coisa” junto às suas mãos, e as mãos deitadas sobre o peito, duas maminhas com luzes intermitentes, alternadamente, acende e apaga, terra à vista, as ondas mais altas que o pé direito do compartimento, e aos poucos ele engolido pela “coisa”, a “coisa” papa-o como se fosse cerelac,

- O menino dá, a colher encosta abaixo, rio, a babete empapada nas estrelas, que também elas, comidas pela “coisa”,

A luz acende-se.

E se esta “coisa” dos buracos negros nos papassem a todos?, aos poucos normaliza a respiração, puxa de um cigarro, o cigarro abraça-se aos lábios e percebe que tinha sonhado,

A “coisa” sumiu-se no escuro.

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:00

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