Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

20
Ago 12

Sou um desgraçado

desengraçado

uma árvore apoteótica

que alça a pata para mijar contra a parede dos sonhos

 

não vou falar do amor

e odeio a poesia

nem tão pouco irei escrever à mulher do rés-do-chão esquerdo

que finge enviar telegramas a Deus

quando este dorme profundamente nos alicerces da morte

 

a parvoíce dos pássaros com bilhete para a viagem até ao infinito

check-in sobre a copa das árvores

que de longe observam a loucura dos barcos

e dos cristais de iodo

 

lábios de sede perdidos nas páginas de um jornal

que embrulham as pernas do vagabundo

(Sou um desgraçado

desengraçado

uma árvore apoteótica

que alça a pata para mijar contra a parede dos sonhos)

com a dentadura de marfim

e os olhos de vidro

made ln-China

das noites os sargaços adormecidos

 

odeio as borboletas e as abelhas que enviam telegramas para Deus

e odeio a poesia

fingida de amor

nas janelas da noite

 

(odeio o rés-do-chão esquerdo).

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:24

29
Mai 11

Sou prisioneiro da miséria

Engomado pelas nuvens em revolta

Sou mendigo revoltado

Nas montras de café à minha volta,

 

Sou presente envenenado

E distribuído pela manhã às árvores vagabundas

Milhares de pássaros suspensos nos meus olhos

Nas minhas mãos sujas nas minhas mãos imundas,

 

Quem quer um desempregado

Quem quer um monstro escondido numa folha de papel…

Quem quer palavras comer

Palavras cansadas palavras amarradas por um cordel

 

À minha espera no portão de Luanda,

Quem me quer quem me quer

Folha de plátano nos meus lábios sedados

E envenenados por sílabas de aluguer,

 

Canso-me nas ruas da cidade

Farto-me da prisão Portugal

Sou prisioneiro da miséria…

Sou homem ou sou animal?

 

 

Luís Fontinha

29 de Maio de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 18:45

24
Abr 11

Quem ajuda

Este pobre e velho cansado

Que aos poucos se afunda no oceano

De mãos atadas ao peito

 

De calhau prisioneiro aos pés

Até à mais profunda escuridão

Quem ajuda

Este pobre e velho cansado

 

Quem?

Quem ajuda

Este vagabundo do infinito…

Quem lhe dá a mão

 

Quem ajuda

Este pobre e velho cansado

 

Quem o salva da escuridão?

 

 

FLRF

24 de Abril de 2011

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:11

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