Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

20
Jan 20

Perde-se no tempo o sonho da saudade.

Invento coisas, pequenas frases suspensas nos cortinados da solidão,

E, ao longe, a camuflada madrugada em desespero.

Dizem que ela, a tempestade,

Vem alicerçar-se nas janelas do silêncio,

Como um livro desempregado, só, triste…

Invento coisas.

Perde-se no tempo o sonho da saudade.

O alegre canino, que habita nas sombras desta velha cidade,

Corre em direcção ao mar,

Veste-se de veleiro vadio,

E zarpa sem ninguém dar conta da sua ausência.

Fico triste, vê-lo partir como partem os pássaros para a outra margem,

Sem destino,

Sem rumo,

Rodopiando dentro do vento,

Canções de chorar.

Levita o cansaço da noite,

Quando o dia já pertence ao passado,

Morre nas mãos de uma criança,

E jamais acordará em mim.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

20/01/2020

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:32

19
Mai 11

Onde está o vento

Que preciso para as minhas velas

Fazer andar o meu veleiro

Por entre as flores belas

 

Onde está a maré que me incendeia o peito com sofrimento…

Onde está o mar

Que afoga as flores junto ao ribeiro

 

E quando acorda a manhã alguém dentro de mim a gritar

 

- Porra. Sem vento não consigo navegar.

 

 

Luís Fontinha

19 de Maio de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 00:26

19
Abr 11

Abri a janela e a chuva rompia pelas amoreiras, os pássaros suspensos numa manhã de primavera, e dentro de mim a angustia dos teus braços quando ao fim da tarde me esperam junto ao rio, o vento bate nos teus cabelos, e no teu sorriso a finíssima neblina entre os olhares do néon que aos poucos acorda nos olhos de um veleiro, sento-me sobre uma pedra esquecida pela madrugada, puxo do silêncio do meu pensamento, e perguntam-me, e pergunto-me, qual o sitio mais longínquo onde estive,

- decididamente os teus braços!

 

 

Luís Fontinha

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:35

02
Abr 11

Embala-me o vento que vem de ti

A tempestade

E por um momento

Corro sobre as árvores prisioneiras

Que a madrugada me obriga a acordar

E na manhã vão despertar

 

O silêncio da lua

Visto o casaco da noite perpétua

E pulo o muro da solidão

Do outro lado do muro

 

A prisão

A paixão

O abismo

As rochas cortadas em pedacinhos

A rua

Que os meus braços beijam a neblina

 

E me embala o vento que vem de ti

A tempestade

O mar tão distante…

Tão ausente

 

Tão longe de ti eu

Sonâmbulo das lágrimas

Marinheiro que acaba de perder

O seu porto de abrigo

 

O meu veleiro encalhado

E no meu corpo as velas enroladas

No meu pescoço as cordas

Que me conduzirão até ao fundo dos teus olhos

 

É escuro…

A prisão

A paixão

O abismo

 

A tua mão que deixou de percorrer o meu rosto

Na tua mão que perdi os meus lábios

Oh madrugada em sofrimento

E o meu corpo em cinza

Eu sem esqueleto

Que dormia no teu sorriso

E me alimentava do teu olhar

Nas noites de insónia…

 

Embala-me o vento que vem de ti

A tempestade

Tenho frio

Na saudade

 

Estou só

E os meus olhos completamente cegos

Deixei de ver

Não oiço nada… nada

Ninguém

Apenas a tempestade

 

Que me embala o vento que vem de ti.

 

 

 

FLRF

2 de Abril de 2011

Alijó

publicado por Francisco Luís Fontinha às 17:35

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