Deixei de pertencer aos retractos nocturnos do abismo,
Sou uma sombra aprisionada neste longínquo porto sem amarras,
À deriva,
Procuro o vento laminado das tardes de Luanda,
Não ando,
Não amo,
Não… não sei o nome da imagem que acordou neste espelho envelhecido,
Não entendo os Oceanos de insónia que brincam nos meus ombros,
Deixei de ter ossos,
Deixei de pertencer…
E do abismo
Uma flor encardida voando sobre as palmeiras,
Uma mão de solidão
Encalhada no meu olhar,
E onde estão as tuas palavras?
Amargas,
Cansadas das viagens ao Planeta da escuridão,
Asas em chamas,
Crocodilos em vão…
Sem janelas no sótão,
Sento-me nas escadas,
Pego levemente num cigarro inventado pelos teus lábios,
E canto,
E choro…
A saudade.
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 26 de Junho de 2015