O Douro em socalcos
Quando acorda a manhã,
Descem as nuvens e poisam nas videiras,
E as vindimadeiras
Apressadas,
E as vindimadeiras
Cansadas,
O Douro em socalcos
Quando acorda a manhã,
Pássaros a voar
E as vindimadeiras a cantar
Cantigas de antigamente,
O rio em curvas direito ao mar,
E a vindimadeira do Douro contente,
Às vezes chega a casa e leva pancada,
O marido ausente
Com bebedeira e cabeça trastornada…
E a vindimadeira do Douro sente
Que não é amada
Nem acariciada,
O rio corre sem parar
E nos socalcos anda gente,
Gente que precisa de trabalhar.