Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

27
Set 13

foto de: A&M ART and Photos

 

Acredito que o Sol voltará a brilhar nas íngremes encostas mergulhadas nos seios mendigos do rio mais belo do Universo, acredito que a chuva das vindimas transformar-se-á em pequenos balões de hélio sobrevoando as lâmpadas do silêncio como xistos em revolta, acredito que todas as grades em aço que cercam as prisões brevemente acordarão vestidas de botão de rosa, de muitas cores, e em pétalas poeira cintilando nas mãos tuas madrugada

Liberdade?

Liberdade...

Viver como um pássaro e voar como um barco cambaleando sobre as ondas sonoras dos poemas de AL Berto, do cimo da montanha e em pétalas poeira cintilando nas mãos tuas madrugada, ele revestido a prata, ele sorrindo, poisando o desejo sobre a mão dela,

Acredito que as nuvens vão ser de algodão, leves, leves como os círios da Igreja onde me esperas quando eu morrer, e sem lágrimas, e sem demandas... acreditarás que eu vou voar e que mais tarde... mais tarde nos encontraremos junto a uma mangueira, e sobre nós sombras de cacimbo e o latejo dos mabecos felizes por

Acreditares,

No futuro, na liberdade, nas grades em aço que transformar-se-ão em rosas, rosas, rosas com lábios encarnados,

Perfumadas pois então,

Nós

Felizes

E viveremos nas encastradas encostas da chuva em vindimas de pergaminho, ouvem-se os pais beijarem os filhos, vêem-se as mães acreditarem nas alegrias dos filhos, ouvem-se os arbustos despedirem-se do ferrugento barco em suspiros profundos

Fundeando há vinte anos..., afundam-se e gritam

Os outros,

Liberdade, acredito que as flores vão ser de papel, e que dos meus livros, e que dos meus livros acordarão todas as personagens que vivem em mim, estas há mais de vinte anos, e no entanto, não tão ferozes como as outras,

Tudo servia para comer,

O quê?

Tudo, tudo... e até as pedras acreditavam no medo...

O medo?

Em capa dura, do amarelo sobressai o peso de um corpo em ziguezague, sonolento, o título é em oiro futuro, e ele

Embrulhado em plumas de cetim

Acreditava que “O medo” não tinha medo,

Acredito que com a trovoada vêm as sílabas palavras com pele sedosa, e das caricias de uma gaivota, ele

Acredita,

Acredita que o mar é de todos, que o Sol iá nascer para todos

(enquanto hoje, apenas alguns dementes têm o prazer de o ver)

Nunca vi o Sol, não sei como é o Sol...

Mas acredito que existe, que vive, sorri...

(Perfumadas pois então,

Nós

Felizes

E viveremos nas encastradas encostas da chuva em vindimas de pergaminho, ouvem-se os pais beijarem os filhos, vêem-se as mães acreditarem nas alegrias dos filhos, ouvem-se os arbustos despedirem-se do ferrugento barco em suspiros profundos

Fundeando há vinte anos..., afundam-se e gritam

Os outros),

Não sabem que a chuva das vindimas é uma mulher nua abraçada a cachos de uva, em seu redor, um louco grita,

Acreditar,

E eu, que apaixonei-me pela chuva...

Acredito.

 

(Não revisto)

@Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 27 de Setembro de 2013

publicado por Francisco Luís Fontinha às 21:59

19
Set 12

De um cubo de vidro

habita o desejo vinícola dos teus seios amargurados

suspensos no abismo do sumo tentacular do silêncio

o teu corpo no meu corpo

um só cacho de sabor

que alimenta o vinho do amor

 

há abelhas que se masturbam sobre as tuas mãos

brincam

um rio e uma criança

e um homem com um chapéu de xisto sentado nas tuas coxas

poisa a enxada invisível sobre a mesa do jantar

enquanto inventas pasteis de nata e queijo de cabra

o homem entra nas tuas coxas com pálpebras de milho

e as torradas do pequeno-almoço

fingem um orgasmo de aveia

brincam

ele e ela e milímetros cúbicos de mosto dentro do cubo de vidro

 

gosto de ti recheada com as manhãs de chuva

quando as algibeiras das janelas de vidro

mergulham suavemente nos teus lábios

 

gosto de ti recheada de rosas amarelas e nuvens de prata

a uma só voz

sobressai

sobressai um gemido misto

e nas paredes do cubo de vidro

e nas paredes do cubo de vidro

a tua língua como uma caneta de tinta permanente

percorre o meu corpo de pergaminho

 

(poema não revisto)

publicado por Francisco Luís Fontinha às 22:17

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