Em cada noite
A noite
Em desespero
Entre paredes
E o medo
Da noite,
Em cada noite
Ouvir
Sentir
De ti
E em ti
As palavras
Amargas
E belas,
Noites
Entre paredes
Descendo Calçadas
E veredas
Algumas verdes
Sonhos
Nos sonhos da Ilha
Outras verdes nos sonhos da ira,
Sem o saber
Nas palavras mortas embalsamadas e castanhas
Nuvens de prata
Na boca
Louca
Dos bairros em lata
E nada
E nada a atormenta…
Ela lamenta
A perda do livro
Na fogueira do corpo
Em brasa
Em chamas…
De nada,
De nada interessa saber
O calendário da noite
Que a noite engole
E come
Como um homem
Sentado à beira do rio
Desce
Sobe
Morrer
Afogado
Na tarde clandestina do silêncio
Do silêncio amargo…
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 24 de Maio de 2015