Esta terra entranhada nas raízes do Diabo,
Sonolenta quando acorda o Inverno,
E uma lâmina de lágrimas brota do seu coração,
Saboreia as espadas da dor
No término da tarde onde inventa o silêncio do desejo,
Uma enxada poisa na sombra da terra lavrada,
E o vulto de cigarro em cigarro,
Como uma árvore deitada
Sobre a esplanada da paixão,
Dorme docemente…
Esta terra é íngreme como as montanhas do Adeus,
Sem sorriso,
E do cansaço brilham as estrelas da noite…
A casa gélida, triste,
Murmuram os candeeiros a petróleo nas cicatrizes da incerteza,
O absoluto orgânico melancólico cilíndrico…
Que o peso da lua deixa ficar sobre os envidraçados lábios,
Esta terra de beijos e moradas,
Esta terra queimada pelo incenso do amor
Que em todas as horas desperta como uma criança de luz…
Sinto o brilho dos teus olhos
Nas almofadas do desterro,
E as palavras que semeias…
Habitam este Inferno de viver.
Francisco Luís Fontinha
05/12/16