Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

19
Fev 14

foto de: A&M ART and Photos

 

todos os dias acordo imaginando viver nas minhas mãos a tempestade nocturna dos perfumes invisíveis,

todos os dias vejo a escuridão das manhãs envergonhadas,

sós, fingindo sofrimento e geadas,

todos os dias as palavras inaudíveis,

os néones vestidos de cansaço sobre a ponte de aço,

todos os dias acordo imaginando...

a saudade, a morte à janela sonhando,

todos os dias a louca cidade,

quando procuramos um simples abraço,

e da maré vem a mim o disfarce da melódica canção de adormecer...

todos os dias não consigo rezar,

não o sei,

e não o faço...

por não acreditar,

porque sou um esqueleto filho do mar,

todos os dias viajo na tua simples calçada,

desço a rua,

sinto-te descalça, vaiada...

todos os dias sei que crescem os pássaros sobre os teus cabelos de maré...

eu sem fé,

tu... tu perguntas-me todos os dias,

e não o faço,

por não acreditar,

porque desejas o céu quando a lua tem luar?

porque desejas as sílabas encarnadas?

se o amanhecer tem cor, tem fome... tem... todos os dias o teu nome,

todos os dias as janelas cerradas.

 

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 19 de Fevereiro de 2014

publicado por Francisco Luís Fontinha às 01:33

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