Blog de Luís Fontinha. Nasceu em Luanda a 23/01/1966 e reside em Alijó - Portugal desde Setembro de 1971. Desenhador de construção civil, estudou Eng. Mecânica na ESTiG. Escreve, pinta, apaixonado por livros e cachimbos...

16
Mar 19

Tudo o que há em ti, meu amor,

São sílabas envenenadas,

Nos lábios cansados,

Do poeta.

 

Tudo o que há em ti, meu amor,

São amêndoas em flor,

Nas mãos da madrugada…

São palavras inventadas,

Poemas revoltados…

 

Do poeta.

 

Tudo o que há em ti, meu amor.

 

Do poeta,

Os livros engasgados no teu ventre,

O poema abraçado aos teus seios, como uma caravela,

Esquecida no mar,

 

À deriva.

 

Tudo o que há em ti, meu amor,

Os pássaros que brincam no teu cabelo,

Olhando a calçada,

Quando desce a noite na pele cinzenta das árvores queimadas,

 

Tudo, meu amor.

 

Tudo se cansa em mim,

Como pedras ensanguentadas,

Os comprimidos do sonho,

A injecção da esperança,

E tu, meu amor,

 

Nesta amaldiçoada canção.

 

Tudo o que há em ti, meu amor,

A manhã em pequenas quadriculas de tecido,

A agulha, o dedal…

Junto ao mar.

 

Tudo o que há em ti, meu amor.

 

O desejo da paixão,

Num corpo apaixonado,

 

Tudo, meu amor,

Da janela desventrada,

O silêncio dos livros queimados,

Na tua ausência…

Do poeta,

 

Tudo, tudo o que há em ti, meu amor!

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 16/03/2019

publicado por Francisco Luís Fontinha às 20:01

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